domingo, 26 de agosto de 2012

Cardeal, orienta para voto consciente
















São Paulo, 15 de agosto de 2012
Cardeal Dom Odilo P. SchererArcebispo de São Paulo e os Bispos Auxiliares de São Paulo

No dia 7 de outubro, realizam-se as eleições municipais 2012, durante as quais serão escolhidos os prefeitos e vereadores dos 5.566 muncípios brasileiros. Hoje, 21, começam as propagandas eleitorais gratuitas e é justamente neste momento que os cidadãos precisam ficar atentos para que seus votos não sejam corrompidos por políticos de má índole.
Pensando nisso, o arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, com seus bispos auxiliares, emitiu uma Nota sobre “Votar bem”, com o objetivo de “contribuir para o bom desempenho da campanha e para a formação política de eleitores e candidato”.

Além do documento (íntegra no box), dom Odilo encaminhou aos padres carta com orientações sobre como agir durante o período de campanha eleitoral. Leia:
“Estimados padres da Arquidiocese de São Paulo, Escrevo-lhes sobre a campanha eleitoral, já iniciada, em vista das próximas eleições municipais em São Paulo.
Temos clara noção da importância destas eleições, em vista dos cargos de prefeito e vereadores, que estão em jogo; por isso, também nós acompanhamos com atenção especial esta campanha eleitoral, uma vez que o destino político do nosso Município, nos próximos anos, estará nas mãos daqueles que agora forem eleitos.

Como arcebispo desta Arquidiocese, juntamente com os bispos auxiliares, emitimos uma Nota sobre as eleições municipais de 2012, em São Paulo, que lhes passo em anexo; nosso desejo é contribuir para o bom desempenho da campanha e para a formação política de eleitores e candidatos. Pedimos que essas orientações sejam divulgadas através dos vários meios à sua disposição, como impressos, internet e encontros de formação... Trata-se de uma ocasião importante para a formação da consciência política do povo; os eleitores, exercendo bem o seu poder político mediante o voto, escolhendo candidatos idôneos e comprometidos com o bem comum, com a justiça social, o respeito à vida, à dignidade da pessoa humana e com as demais causas boas, estarão cumprindo o seu dever de cidadãos na edificação do bem comum.
Ao mesmo tempo, desejamos comunicar-lhes algumas orientações da Arquidiocese de São Paulo com respeito ao envolvimento do clero e dos espaços e organizações eclesiais na campanha eleitoral.

1. A Igreja Católica Apostólica Romana não tem uma opção oficial por partidos ou candidatos. Por isso, também os representantes da Igreja (clero) não devem envolver-se explicitamente na campanha partidária (cf Cân. 287 §2; 572).

2. Nas Missas e outras celebrações (homilias, cursos), não deve ser feita, por clérigos ou por leigos, campanha para partidos ou candidatos. O envolvimento político-partidário direto do Padre, ou o uso instrumental, para isso, da celebração litúrgica divide a comunidade.

3. Os espaços eclesiais não devem estar, de forma exclusiva, a serviço de um partido ou candidato. Nos espaços eclesiais (templos, salões paroquiais) também não sejam afixados apelos eleitorais de partido ou candidato. Ficam desautorizados pedidos de favores, ou vantagens, em troca de apoio eleitoral por parte do clero ou de comunidades da Igreja.

4.  No entanto, os padres orientem os fiéis a votarem de modo consciente e responsável e a apoiarem candidatos afinados com as convicções dos eleitores e que se comprometam a não promover causas contrárias aos princípios cristãos na sua atuação parlamentar ou executiva, sobretudo no que diz respeito à dignidade da pessoa e da vida, desde a sua concepção até à sua morte natural. No entanto, não se indiquem nomes, pois a escolha deve ser do eleitor.

5. Para melhor conhecimento dos candidatos e de suas propostas, é útil promover encontros de vários candidatos, no salão paroquial ou em outros ambientes. Porém, isso não deve ser feito no templo.

6. Iniciativa útil também é reunir os candidatos católicos, de todos os partidos, nas diversas áreas da Arquidiocese, para refletir com eles sobre as orientações da Igreja em relação à boa participação dos fiéis leigos na política, podendo servir, para tanto,  as orientações que enviamos em anexo. Padres de uma mesma área poderão promover juntos tais iniciativas.
Estimados padres, as questões acima expostas fazem parte do nosso zelo pastoral, para conduzir, defender e servir, quais bons pastores, o rebanho do Senhor confiado aos nossos cuidados e para promover o bem comum. Deus os abençoe e recompense!

ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012, EM SÃO PAULO

O Arcebispo de São Paulo, com os Bispos Auxiliares desta Arquidiocese, no cumprimento de sua missão pastoral, apresentam as seguintes orientações aos seus fiéis, em vista da participação nas eleições municipais deste ano:

1.  Participe e vote. Não deixe de seguir a campanha para as eleições municipais e de exercer bem o seu direito e dever cidadão. Valorize seu voto, que ajudará a definir o futuro do município de São Paulo. Evite o voto nulo ou branco.

2.  Vote em quem você conhece. Procure conhecer os candidatos, verifique se estão comprometidos com as grandes questões que requerem ações decididas do Poder Legislativo e Executivo municipal, como: habitação, educação, saúde, segurança, transporte, cuidado do meio ambiente, limpeza pública, saneamento básico, atenção especial aos pobres e às camadas sociais mais vulneráveis da cidade.

3.   Prefeito e vereadores devem promover o bem comum. Veja se os candidatos e seus partidos estão comprometidos com a justiça e a solidariedade social, a dignidade da pessoa, os direitos humanos, a cultura da paz e o respeito pleno pela vida humana desde a concepção até à morte natural. Estes valores são fundamentais e irrenunciáveis para o convívio social.

4.  Candidato de quem? Avalie se os candidatos têm propostas realistas e viáveis para promover políticas que beneficiem a cidade como um todo, ou se estão ligados mais ao interesse de grupos específicos. O bom governante deve governar para todos.
5.  Confira a ficha. Dê seu voto de forma consciente e não decida apenas na última hora. Não dê seu voto a quem já esteve envolvido em casos de desonestidade e corrupção, mas somente a candidatos com “ficha limpa”. A corrupção na política pode ser superada também com o seu voto.

6. Não venda o voto, nem o troque por favores; seu voto é sua dignidade. Fique atento a toda prática de corrupção eleitoral, à compra de votos, ao abuso do poder econômico e ao uso indevido da máquina administrativa pública na campanha eleitoral. Fatos como esses devem ser denunciados imediatamente, com testemunhas, às Autoridades da Justiça Eleitoral.

7.  Vote com consciência e liberdade. Procure conhecer as idéias e propostas defendidas pelos candidatos e pelos partidos aos quais estão filiados e seu vínculo com as comunidades locais. Vote em candidatos dignos, capazes, com credibilidade pública e que estejam em sintonia com suas próprias convicções.

8. Questione se os candidatos estão dispostos a legislar e administrar de forma transparente, aceitando mecanismos de controle por parte da sociedade. Candidatos com um histórico de corrupção ou má gestão dos recursos públicos não devem receber seu apoio nas eleições.

9.  Política, Religião e família. Vote em candidatos que respeitem a liberdade de consciência, as convicções religiosas e morais dos cidadãos, seus símbolos religiosos e a livre manifestação de sua fé; da mesma forma, apóie candidatos que amparem a família e a protejam diante das ameaças à sua identidade e missão natural. A cidade que descuida ou abandona a família herdará muitos problemas.

10. Fique de olho: votar é importante, mas ainda não é tudo. Acompanhe, depois das eleições, as ações e decisões políticas, legislativas e administrativas dos governantes municipais, para cobrar deles coerência em relação às promessas de campanha e para apoiar suas decisões acertadas.

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